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Economia das Mãos: a potência transformadora do Artífice

Assunto: Serviços
Postado em: 19/03/2020

Economia das Mãos: a potência transformadora do Artífice

Economia das Mãos: a potência transformadora do Artífice

Hoje, mais do que falar sobre a dimensão econômica do trabalho do artífice, quero lembrar sobre a dimensão humana presente no resultado do trabalho daqueles que denominamos de Artesãos e Artífices

Começo com Sennet (2009), que no livro O Artífice, faz uma distinção entre o Animal Laborens, que fica absorto no trabalho como um fim em si mesmo, na intenção de fazer funcionar;  e o Homo Faber, que discute e julga o que fazer. 
O artífice envolve-se com o trabalho, numa via de mão dupla entre a ideia e a prática. A repetição pensada, autocrítica permite reformular a prática, e esse movimento é de dentro para fora. 

O trabalho de artífice, então, é carregado de significados na medida em que impulsiona as pessoas a novos rumos e objetivos; e isso, antes de tudo envolve bases à autonomia de quem se permite trabalhar como artífice de si mesmo. 

É no movimento entre a ideia e a matéria que surgem novas linguagens e sentidos para o trabalho e para a construção de si mesmo. É fazendo as coisas acontecerem, que as pessoas se colocam a frente das transformações, com responsabilidade e domínio. 
Ainda sobre a potência do fazer é a capacidade de nos ensinar, a ciência tem explicado que a apraxia é tratada antes da afasia, ou seja, a prática tácita, auxilia na construção da linguagem. 

Na arte do bem fazer, os artífices, artesãos representam um modo de ser transformador, em qualquer lugar e em qualquer ofício. Aproveito e empresto os versos de Vinícius de Moraes sobre o “fato extraordinário de que o operário faz a coisa, e a coisa faz o operário”. 

Encorajo a cada pessoa que me leu até aqui, a construir-se por inteiro, em qualquer atividade que escolha desempenhar. Que o faça com o desvelo de quem deseja se autoconhecer, com toda a potência, beleza e amor. Sim, porque para nos transformarmos, e transformarmos o mundo - onde quer que estejamos - precisaremos do impulso da vida.

No dia do artífice, do artesão cumprimento a cada pessoa que se empenha a fazer por um mundo melhor.

Estamos em pandemia do Coronavirus, crise econômica e civilizatória. É tempo de silenciar e refletir para as transformações que o mundo precisa, a começar por nós mesmos.

Claudia Coser
Fundadora da Plataforma NOBIS